Como evitar cair na malha fina: erros comuns no IR

A temida malha fina (malha fiscal) é o processo de fiscalização em que a Receita Federal retém sua declaração de Imposto de Renda para verificar divergências ou pendências. Em outras palavras, cair na malha fina significa ter a declaração retida por causa de algum erro ou inconsistência, como um valor incorreto ou rendimento omitido​. Quando isso acontece, o contribuinte fica temporariamente sem receber eventual restituição até regularizar a situação.

Mas por que tantos contribuintes enfrentam esse problema? A realidade é que milhões de pessoas caem na malha fina todos os anos – por volta de 3% de todas as declarações ficam retidas (em 2024 isso representou cerca de 1,47 milhão de declarações)​. Os motivos variam, mas geralmente envolvem erros de preenchimento, omissão de rendas ou deduções indevidas. A Receita Federal possui um sistema de cruzamento de dados muito rigoroso: ela compara as informações declaradas com diversas bases (informes de rendimentos de empregadores, recibos médicos, dados de cartões de crédito, registros de imóveis, movimentações bancárias, etc.) em busca de qualquer discrepância​. Com ferramentas tecnológicas avançadas – a Receita usa até um supercomputador apelidado de T-Rex para analisar os dados​ – ficou quase impossível esconder informações sem ser detectado.

Muitos contribuintes caem na malha fina por descuido ou falta de conhecimento, e alguns até por tentar burlar o Leão. No entanto, é importante ter em mente que o barato pode sair caro: erros e inconsistências na declaração podem gerar multas e, no limite, configurar crime tributário​. A boa notícia é que, conhecendo os erros mais comuns, você pode se prevenir para não ter dor de cabeça depois. A seguir, listamos os principais deslizes que levam a malha fina e como evitá-los, com destaque especial para situações que afetam profissionais da saúde e pequenos empreendedores.

Erros mais comuns que levam à malha fina no IR

  1. Omissão de rendimentos (deixar de declarar receitas) – De longe, esquecer ou omitir rendimentos é um dos erros que mais levam contribuintes à malha fina. Isso inclui salários de empregos formais, pro labore de empresas, aluguéis, pensões, ganhos de autônomo, entre outros. Profissionais liberais de saúde frequentemente caem nessa armadilha ao não declarar todos os recebimentos de pacientes ou convênios – por exemplo, emitir recibos para clientes e não informar esses valores na sua declaração. Da mesma forma, empresários podem omitir retiradas feitas da empresa ou rendimentos de investimentos. A Receita cruza as informações de todas as fontes pagadoras, então qualquer rendimento não declarado que conste em informes de terceiros será detectado. Não à toa, a omissão de rendas foi responsável por cerca de 27,8% das retenções em malha em 2024​. Exemplo: um dentista autônomo recebe R$100 mil no ano em seu consultório particular, mas declara apenas R$70 mil achando que “não vai dar em nada”. Como alguns pacientes informaram despesas com o dentista ou pagadores emitiram informes, a Receita identifica a diferença e retém a declaração por omissão de rendimento. Como evitar: Declare todos os seus rendimentos, inclusive fontes secundárias e valores pequenos. Se você é autônomo, utilize o Carnê-Leão mensal para registrar e pagar imposto sobre esses recebimentos de pessoa física quando for obrigatório, e assim não haverá surpresa na hora da declaração anual. Lembre-se de que até mesmo rendas isentas ou não tributáveis (como distribuição de lucros, certos benefícios etc.) devem ser informadas na declaração, na ficha adequada.

2. Informações incorretas ou divergentes (erros de preenchimento)

Mesmo que você não omita nada, preencher dados errados ou inconsistentes pode fazer sua declaração cair na malha fina. A declaração do IR tem muitos campos e números, e um dígito a mais ou a menos pode virar uma grande diferença. Por exemplo, digitar R$10.000 em vez de R$1.000 em alguma ficha de despesas ou rendimentos irá gerar inconsistência com os dados da fonte pagadora ou dos seus recibos​. Também entram aqui erros como informar valores diferentes dos que estão nos informes oficiais (ex: seu empregador informou R$80.000 de renda no informe, mas você digitou R$78.000 por engano; ou uma clínica informou R$50.000 de pagamento a um médico e ele declarou valor diferente). Divergências no imposto retido na fonte também ocorrem se você copiar errado os valores de IRRF dos informes – esses dados são cruzados automaticamente com a declaração da fonte pagadora. Outro erro comum de preenchimento é classificar rendimentos na ficha errada (por exemplo, lançar um rendimento tributável como isento ou vice-versa), o que leva a cálculo indevido e alerta da Receita. Como evitar: Tenha muita atenção ao digitar todos os valores e dados pessoais (CPF de dependentes, CNPJ de fontes pagadoras, etc.). Confira cada número com os informes originais fornecidos por empresas, bancos, convênios médicos, nota fiscal de serviços etc. Use a declaração pré-preenchida da Receita Federal se possível – ela importa grande parte dos dados dos sistemas da Receita, reduzindo chances de erro, mas mesmo assim revise tudo antes de enviar. Lembre-se: até centavos e pontos decimais importam; valores diferentes dos registros oficiais levarão a inconsistências​.

3. Despesas médicas sem comprovação ou inconsistentes

As despesas com saúde são dedutíveis integralmente no IRPF (sem limite de teto), o que leva muitos contribuintes a informá-las para reduzir o imposto a pagar ou aumentar a restituição. No entanto, justamente por não haver limite, a Receita Federal fiscaliza com rigor absoluto cada gasto médico declarado. Não declarar corretamente as despesas médicas – ou não conseguir prová-las – é hoje a principal causa de malha fina, correspondendo a 51,6% de todas as retenções em 2024​. Os erros mais comuns aqui são dois: o contribuinte inflar ou inventar despesas de saúde indevidamente, ou o profissional/clinica de saúde não declarar o rendimento correspondente ao serviço de saúde prestado. A Receita cruza essas informações: o que você declara como despesa, o médico ou hospital declara como receita​. Se você informa R$ 5.000 de despesas médicas mas o profissional não lançou aquele valor como ganho – ou se o valor real era menor – ambos podem cair na malha fina por inconsistência​. Exemplo: um paciente declara R$ 2.000 em recibos de psicólogo, mas o psicólogo, como autônomo, só declarou R$ 1.000 de renda daquele cliente. Resultado: a declaração do paciente pode ser retida (até que ele apresente o recibo) e a do psicólogo também por omissão. Como evitar: Seja honesto e preciso na declaração de gastos médicos. Só informe despesas de saúde que você realmente pagou e guarde todos os recibos e notas fiscais desses pagamentos. Verifique se os recibos têm nome, CPF e CRM/CNPJ do profissional ou clínica corretamente. Para profissionais de saúde: declare todas as receitas provenientes de pacientes e convênios, exatamente nos valores constando nos recibos dados aos clientes – se o paciente deduzir aquele valor, a sua declaração precisa refletir essa renda. Não tente burlar ou exagerar: a Receita interpreta valores de despesa muito altos (ou incompatíveis com sua renda) como sinal de alerta de possível inconsistência ou fraude. Vale lembrar também que certos gastos não podem ser deduzidos, como medicamentos (salvo se integrem a conta de um hospital), cirurgias meramente estéticas não reparadoras, vacinas, academias, etc. – declarar despesas não dedutíveis terá de ser corrigido depois. Em resumo, deduza somente despesas médicas permitidas, nos valores exatos pagos e com documentação para comprovar.

4. Erros com dependentes e deduções diversas

Inconsistências envolvendo dependentes na declaração também são fontes frequentes de malha fina. Isso pode acontecer de várias formas: não informar os rendimentos do dependente, cadastrar um dependente inelegível ou duplicado, ou ainda lançar deduções indevidas ligadas a dependentes. Por exemplo, se você inclui um filho como dependente mas ele teve estágio remunerado, você deve declarar também o rendimento dele – muitos esquecem disso​. Ou então, casais divorciados acabam declarando o mesmo filho em ambas as declarações, o que não é permitido – se CPF de um dependente aparecer em duas declarações, ambas caem na malha fina e a Receita vai exigir correção​. Outro descuido comum é manter pai ou mãe como dependente mesmo quando eles recebem aposentadoria acima do limite permitido (cerca de R$ 22.847 no ano, equivalente à faixa de isenção anual); acima disso, o idoso deveria fazer a própria declaração​. Além de dependentes, há outras deduções declaradas indevidamente que geram pendências, como: declarar gastos educacionais não dedutíveis (material escolar, curso de idiomas, etc., que não entram na dedução de educação), ou ultrapassar limites de dedução (por exemplo, tentar abater mais do que o permitido em previdência privada do tipo PGBL, ou deduzir pensão alimentícia sem decisão judicial formal). Como evitar: Certifique-se das regras para dependentes antes de incluí-los – cheque se eles têm renda própria a declarar ou se já constam na declaração de outra pessoa. Declare todos os ganhos dos dependentes que você incluir, e não os duplique em outro IR. No caso de pensão alimentícia, informe corretamente quem é o beneficiário (alimentando) em vez de dependente, e somente os valores determinados em acordo judicial ou escritura pública. Em relação a outras deduções, respeite os limites legais (por exemplo, limite anual por dependente em educação, tetos de previdência privada dedutível) e não invente gastos que não se enquadram como dedutíveis. Se tiver dúvida se alguma despesa pode ou não ser abatida, consulte um especialista ou as instruções da Receita para não acabar tendo que comprová-la sem necessidade.

5; Uso incorreto do Livro-Caixa (profissionais autônomos)

Muitos profissionais liberais – como médicos, dentistas, psicólogos, advogados, etc. – utilizam o Livro-Caixa para apurar seu rendimento tributável. O livro-caixa permite deduzir das receitas recebidas como autônomo diversas despesas necessárias à atividade, como aluguel do consultório/escritório, secretária, materiais, deslocamento, telefone profissional, etc., reduzindo assim a base de cálculo do imposto. Porém, o uso inadequado desse benefício fiscal pode levar a malha fina. Os erros típicos incluem: não manter registros e comprovantes das despesas deduzidas, deduzir gastos que não são correlacionados à atividade (despesas de cunho pessoal, por exemplo) ou inflar os valores gastos para reduzir artificialmente o lucro. Se a Receita solicitar comprovação, você precisará apresentar recibos e notas fiscais de todas as despesas lançadas no livro-caixa daquele ano. Outro deslize é não escriturar o livro-caixa mês a mês e depois informar um valor estimado na declaração – isso pode resultar em inconsistência, pois a Receita pode cruzar seus gastos dedutíveis com pagamentos declarados por terceiros (ex: você deduziu R$ 30 mil de aluguel do consultório, mas o locador declarou receber de você apenas R$ 20 mil naquele ano). Além disso, profissionais autônomos que têm receita de pessoa física precisam ficar atentos ao Carnê-Leão: se você teve, por exemplo, rendimentos de clientes acima do limite mensal de isenção (que varia conforme a tabela progressiva, e estava em ~R$ 1.903 por mês), deveria recolher mensalmente o imposto via Carnê-Leão. Não pagar o Carnê-Leão quando devido não necessariamente te coloca na malha automaticamente – mas se você omitir o rendimento ou tentar deduzir sem ter pago, aí sim terá problemas. Exemplo: um clínico geral que teve R$ 10 mil de receita de pacientes em um mês deveria recolher carnê-leão sobre parte desse valor; se não o fez, mas ainda assim declarou o rendimento anual, ele terá imposto a pagar com multa e juros (por atraso) – se ele não declarar a renda para evitar o carnê, cairá na malha por omissão. Como evitar: Utilize o livro-caixa de forma disciplinada e dentro das regras. Registre todo mês suas receitas e despesas profissionais com documentação de suporte. Deduze somente gastos permitidos e proporcionais à atividade (nada de despesas pessoais ou da família). Guarde recibos, notas fiscais, contratos de aluguel, comprovantes de salários de assistentes, contribuições do INSS, etc., de tudo que lançar como despesa. No programa do IR, preencha corretamente a ficha “Livro-caixa” ou informe as despesas no campo apropriado, e não esqueça de transferir esse valor para a aba de Rendimentos Tributáveis Recebidos de PF, abatendo do cálculo. Quanto ao Carnê-Leão, pague-o mensalmente sempre que receber rendimentos de pessoa física acima da faixa isenta – atualmente é obrigatório usar o Carnê-Leão Web (portal e-CAC) ou o programa específico da Receita para cálculo. No fim do ano, importe esses dados para sua declaração ou informe manualmente os valores já pagos mês a mês. Assim, você evita cair na malha por um esquecimento e também evita multa por atraso no pagamento do imposto devido.

6. Confusão entre pró-labore e distribuição de lucros (empresas)

Quem é empresário ou profissional da saúde que abriu uma pessoa jurídica (como clínicas, consultórios ou sociedades médicas) precisa ter cuidado redobrado na hora de fazer sua declaração de pessoa física. Um erro frequente é misturar ou informar errado os valores de pró-labore vs. lucros distribuídos. O pró-labore é a remuneração mensal ao sócio pelo trabalho (essencialmente, um “salário” ao dono), sobre a qual incidem INSS e Imposto de Renda na fonte normalmente. Já a distribuição de lucros (dividendos) é a parcela do lucro da empresa repassada aos sócios, isenta de IR para a pessoa física nas regras atuais. O que acontece muitas vezes: o empresário retira dinheiro da empresa ao longo do ano, mas não define claramente o que foi pró-labore e o que foi lucro. Se ele declarar tudo como lucro isento para não pagar imposto, mas a empresa não teve lucro contábil suficiente para justificar aquele montante, isso pode acender um sinal de alerta. Além disso, o pró-labore pago deve ser declarado na ficha de Rendimentos Tributáveis da pessoa física, com o CNPJ da empresa fonte pagadora, e normalmente haverá um informe de rendimentos da própria empresa indicando quanto foi pago e quanto de imposto foi retido. Omitir ou subdeclarar o pró-labore é omissão de rendimento e será flagrado cruzando com a DIRF/DCTF da empresa. Por outro lado, lucros distribuídos devem constar na ficha de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, no campo específico, mesmo que não sejam tributados – a ausência dessa informação pode gerar pendência, pois a Receita tem os balanços e declarações da PJ que mostram que houve distribuição. Exemplo: um médico possui uma clínica (CNPJ) optante pelo Lucro Presumido. Ele retirou R$100 mil da empresa no ano, mas declarou na pessoa física apenas R$20 mil de pró-labore (sobre os quais pagou IR) e não informou nada em rendimentos isentos. A empresa, porém, declarou em sua contabilidade R$30 mil de lucro distribuído ao sócio. Essa divergência (R$50 mil sacados “faltando” explicar) pode levar a uma intimação da Receita para esclarecer se houve mais lucro não declarado ou se aquilo foi omissão de pró-labore. Como evitar: Mantenha uma contabilidade organizada da sua empresa. Defina mensalmente um pró-labore condizente com suas atividades (consultoria contábil pode ajudar a determinar um valor adequado) e recolha os impostos sobre ele. Declare esse pró-labore na sua DIRPF exatamente como consta no informe da empresa. Se houve distribuição de lucros, declare o valor integral distribuído na parte de rendimentos isentos, conforme o informe de distribuição de resultados ou balanço. Nunca tente mascarar salário como se fosse lucro isento – além de cair na malha fina, a prática pode ser caracterizada como sonegação. Separe as contas pessoais das da empresa: despesas da empresa devem sair da conta da PJ (e entrar no livro-caixa ou contabilidade da PJ, não na sua declaração pessoal), e aquilo que de fato veio para você como pessoa física via pró-labore ou lucro deve ser o que você informa. Com essa separação clara, você evita inconsistências e declara tudo nos campos certos.

7. Variação patrimonial incompatível com a renda declarada

Por fim, um erro que pode especialmente afetar empreendedores e profissionais de renda mais alta: não prestar atenção à evolução do seu patrimônio em relação aos rendimentos informados. A Receita Federal analisa se o que você ganhou no ano é compatível com o que você adquiriu ou gastou. Se uma pessoa declara renda anual de R$50 mil, mas comprou um carro de R$100 mil e um apartamento de R$500 mil à vista no mesmo ano, algo não bate – ou ela tinha recursos de anos anteriores (que deveriam constar na ficha de bens) ou omitiu renda. Esse tipo de incoerência é identificado e a declaração pode ser retida para esclarecimentos. Outro exemplo comum é lançar bens pelo valor de mercado atualizado, o que é um erro: bens como imóveis e veículos devem ser informados sempre pelo custo de aquisição (o valor pago na época da compra), e não atualizados anualmente. Atualizar o valor do bem de um ano para outro sem uma razão (como reforma declarada em imóveis) faz aparecer um aumento patrimonial não justificado por renda, levando à malha. Como evitar: Siga a regra de declarar imóveis e carros pelo valor original de compra e só acrescente valores de melhorias devidamente comprovadas. Se realizou alguma venda de bem, declare o ganho de capital corretamente e verifique se havia isenção (por exemplo, venda de único imóvel até R$440 mil é isenta, mas ainda assim deve ser informada no GCAP/declaração). Mantenha o controle de seu saldo em contas e aplicações de ano a ano – grandes variações para cima ou para baixo devem ter alguma explicação (rendimento, doação recebida, empréstimo tomado, etc., que precisam ser declarados também). Em resumo, garanta que seu acréscimo patrimonial anual seja compatível com os rendimentos declarados, considerando inclusive o dinheiro isento ou já tributado que você possuía em anos anteriores. Dessa forma, a Receita verá que não há “dinheiro surgindo do nada” fora do que foi declarado.

Em síntese: atenção máxima ao preencher sua declaração. Os principais motivos que levam à malha fina são despesas médicas suspeitas, rendas omitidas e divergências de informações – juntos, eles correspondem à maioria absoluta dos casos detectados​. Ao evitar os erros acima e declarar tudo com transparência, você diminui drasticamente a chance de cair na malha fina e de ter problemas com o Leão.

Checklist prático: revise antes de enviar sua declaração

Antes de transmitir sua declaração de IR, faça uma última revisão com este check list rápido. Garanta que:

  • Todos os rendimentos foram declarados corretamente: salários (de um ou mais empregos), pró-labore, aposentadorias, pensões, aluguéis recebidos, ganhos como autônomo (Carnê-Leão), rendimentos de aplicações financeiras, venda de bens, etc. Inclua também rendas isentas ou tributadas exclusivamente na fonte (13º, PLR, lucros de empresa, poupança, indenizações) nas fichas apropriadas.

  • Valores conferidos com os informes oficiais: Verifique se os valores de salário, imposto retido, contribuições previdenciárias, aluguéis pagos/recebidos e demais dados batem exatamente com os informes de rendimentos, informes do banco e outros documentos fornecidos. Qualquer divergência numérica deve ser corrigida agora.

  • Receitas de autônomo conferidas com recibos e livro-caixa: Se você é profissional liberal, cheque se o total de rendimentos que você declarou coincide com a soma dos recibos que emitiu aos clientes (e com o que eventualmente seus clientes poderão declarar). Confira também se lançou as deduções do livro-caixa corretamente e se possui os comprovantes dessas despesas.

  • Despesas dedutíveis com comprovação em mãos: Todas as despesas declaradas para dedução (especialmente despesas médicas e educacionais) têm recibos/notas fiscais guardados e nos mesmos valores informados. Certifique-se de que as despesas permitidas por lei estão declaradas nos campos certos (educação limitada a ensino básico/superior, saúde sem incluir gastos não dedutíveis, etc.).

  • Dados pessoais e de dependentes corretos: Cheque se todos os CPFs (seu, do cônjuge, dependentes, alimentandos) estão corretos, datas de nascimento, e se não há nenhum dependente indevidamente incluído (ou faltando incluir alguém necessário). Se declarou dependentes com renda (ex: estágio, pensão), confirme que esses rendimentos constam na declaração.

  • Bens e dívidas atualizados adequadamente: Verifique se preencheu a ficha de Bens e Direitos para imóveis, veículos, contas bancárias e outros bens, usando o custo de aquisição correto e atualizando apenas quando permitido. Confira se dívidas acima de R$5 mil foram informadas na ficha de Dívidas e Ônus.

  • Separação entre pessoa física e jurídica feita: No caso de empreendedores, assegure-se de que informou os proventos da empresa corretamente (pró-labore na parte tributável e lucros na parte isenta) e não lançou na pessoa física despesas que pertencem à pessoa jurídica.

  • Revisão final de digitação e consistência: Faça uma leitura final de todos os campos preenchidos. Uma dica é utilizar as ferramentas do próprio programa do IR: use o verificador de pendências para ver se algo básico ficou faltando e, se possível, compare com a declaração do ano anterior para identificar omissões (por exemplo, um bem que constava no ano passado e sumiu este ano por venda deve ter o registro da venda nesta declaração).

Tudo pronto? Salve uma cópia da declaração e então envie com confiança, sabendo que você tomou os cuidados para não cair na malha fina!

O que fazer se você caiu na malha fina

E se, mesmo com todos os cuidados, você receber a notícia de que caiu na malha fina? Mantenha a calma, pois há como resolver. O próprio sistema da Receita permite que o contribuinte corrija erros ou apresente documentos, dependendo do caso. Basicamente, existem dois caminhos:

1) Identificou erro ou omissão na declaração? Faça uma retificação. Se ao verificar seu extrato do processamento (no portal e-CAC) ou receber uma comunicação da Receita você descobrir qual foi o erro – por exemplo, esqueceu de declarar algum rendimento ou digitou um valor errado –, a solução é entregar uma Declaração Retificadora o mais rápido possível​. A declaração retificadora nada mais é do que uma nova versão da sua declaração, corrigindo as informações necessárias. Você pode retificar pela internet, usando o mesmo programa do IR ou acessando o e-CAC com login Gov.br. Não há multa por retificar espontaneamente; na verdade, ao se antecipar e corrigir, você evita penalidades maiores. Após enviar a retificação, sua declaração substitui a anterior e, se todas as pendências forem sanadas, ela sai da malha fina automaticamente (passando ao status de “em fila de restituição” ou “processada”). Importante: A retificação só é possível antes de você receber uma intimação formal. Se a Receita já tiver lançado de ofício uma correção ou multa, aí não cabe mais retificar, mas sim recorrer. Portanto, haja rápido assim que identificar a necessidade de correção.

2) Acredita que seus dados estão corretos? Prepare documentos e aguarde a intimação. Há situações em que você caiu na malha fina mesmo sem ter cometido erro, apenas porque a Receita quer confirmar algum dado. Isso é comum, por exemplo, com quem declara muitos gastos médicos ou teve alguma operação atípica. Nesses casos, como não há o que corrigir na declaração, você deve reunir os documentos comprobatórios que comprovem as informações prestadas (receitas, notas, contratos, extratos, recibos, conforme o item em questão) e aguardar a Receita convocar para apresentar essas provas. Normalmente, a Receita Federal emite um Termo de Intimação ou uma Notificação de Lançamento detalhando a pendência e orientando como proceder – isso é disponibilizado no seu portal e-CAC e enviado via Correios quando aplicável. Você pode então enviar os documentos digitalizados pelo e-CAC (através do serviço Meu Imposto de Renda – Pendências de Malha ou Entrega de Documentos) ou agendar um atendimento presencial na unidade da Receita, conforme as instruções recebidas, para fazer a regularização​. Após entregar a documentação exigida e ela ser analisada pela fiscalização, sendo tudo validado, sua declaração será liberada da malha fina.

Como saber o motivo da malha fina?

Você pode acompanhar o processamento da sua declaração online. Acesse o e-CAC (Centro de Atendimento Virtual da Receita) com seu CPF e senha gov.br (ou código de acesso) e consulte o extrato da DIRPF na aba Meu Imposto de Renda. Ali aparecerá se sua declaração está com “pendências” em malha e qual código/motivo. O próprio extrato indica quais fichas ou valores estão inconsistentes. Munido dessa informação, fica mais fácil resolver via retificação ou separando a documentação específica.

Dica: Se cair na malha fina e resultar em imposto a pagar (por erro seu), regularize o quanto antes. Ao retificar, o programa já recalcula o novo imposto devido e gera um DARF para pagamento da diferença. Pague o DARF o mais rápido possível para evitar acumular juros (taxa Selic) e multa por atraso. Caso já esteja sob intimação, a multa de ofício geralmente é de 75% do imposto devido – bem maior que os juros de mora se você espontaneamente corrigir. Ou seja, é vantajoso se antecipar.

Em resumo, cair na malha fina não é o fim do mundo: significa que sua declaração precisa de correção ou comprovação. Seguindo um desses caminhos, na maioria dos casos é possível resolver tudo e ficar em dia com o Fisco. E para evitar reincidir no futuro, tire lições do motivo que levou sua declaração à malha fina desta vez.

Como a Contflix pode ajudar você a evitar (ou sair) da malha fina

Na Contflix, entendemos que profissionais da saúde e empreendedores têm rotinas intensas e pouco tempo para lidar com detalhes fiscais. Por isso, oferecemos um suporte completo e estratégico para garantir que sua declaração de Imposto de Renda seja entregue com total segurança e sem riscos de malha fina.

Veja como podemos ajudar:

Revisão completa da sua declaração: analisamos cada item com base em documentos oficiais e cruzamos as informações para garantir que tudo esteja coerente com os dados que a Receita já possui.

Correção de declarações anteriores e retificação: se você caiu na malha fina, nossa equipe atua com agilidade para corrigir os erros, retificar a declaração ou organizar a documentação necessária para comprovação junto à Receita.

Acompanhamento de malha via e-CAC: monitoramos a situação fiscal dos nossos clientes durante todo o ano, inclusive se houver retenções, intimações ou notificações.

Consultoria personalizada: se você é autônomo, empresário ou possui múltiplas fontes de renda, orientamos sobre o melhor regime tributário e o uso correto de deduções e ferramentas como Carnê-Leão e livro-caixa.

Organização de rendimentos de PJ e PF: cuidamos da separação entre lucros, pró-labore, distribuição e declarações individuais de sócios ou profissionais da saúde que atuam por meio de CNPJ.

Atendimento humanizado e especializado: com linguagem clara e sem “contabilês”, explicamos cada passo para que você entenda seu imposto e se sinta seguro.

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Conclusão: fique tranquilo com apoio especializado

Evitar a malha fina exige atenção aos detalhes e conhecimento das regras, o que pode ser desafiador para muitos profissionais ocupados. A boa notícia é que você não precisa lidar com isso sozinho. Com o apoio de uma consultoria contábil especializada, é possível preparar e revisar sua declaração com segurança, garantindo conformidade total e tranquilidade. Não arrisque cair nas garras do Leão por bobeira – conte com a experiência da Contflix para orientar você em todo o processo. Nossos especialistas conhecem a fundo as obrigações de profissionais da saúde e empreendedores e podem identificar potenciais erros antes do envio.

Agende uma consultoria com a Contflix para revisar sua declaração e ficar em dia com o Leão. Podemos analisar seus informes, recibos e livros-caixa, e ajudar a organizar suas informações de modo a evitar qualquer inconsistência. Você terá a segurança de estar cumprindo todas as exigências fiscais corretamente e a antecipação necessária para não ter dor de cabeça depois com fiscalizações. Entre em contato conosco agora mesmo pelo WhatsApp da Contflix e garanta sua tranquilidade fiscal neste Imposto de Renda. Estamos prontos para ajudar você a não cair na malha fina e a declarar seus rendimentos de forma legal e otimizada!

FAQs

Como sei se caí na malha fina?
Acesse o portal da Receita Federal (e-CAC), vá até “Meu Imposto de Renda” e consulte o extrato da declaração. Se aparecer “em malha” ou “pendência”, você foi retido. Lá também consta o motivo da retenção.

Caí na malha fina. E agora?
Primeiro, verifique qual é a pendência. Se for erro ou omissão, é possível enviar uma declaração retificadora. Se for apenas solicitação de comprovação, aguarde intimação da Receita e envie os documentos solicitados.

O que mais leva à malha fina?
Erros com recibos médicos, omissão de rendimentos, divergência de valores entre o que você declara e o que terceiros informaram à Receita, e despesas dedutíveis mal preenchidas.

Posso ser multado se cair na malha?
Sim. Se a Receita identificar erro com imposto a pagar e você não corrigir, pode aplicar multa de até 75% sobre o valor devido. Mas se você mesmo identificar e corrigir antes, evita essa penalidade.

Quem é MEI pode cair na malha fina?
Sim. Mesmo sendo MEI, se você tiver lucros distribuídos, pró-labore ou outras fontes de renda que não forem declaradas corretamente na sua pessoa física, pode ser retido.

Profissionais da saúde têm mais chances de cair na malha?
Infelizmente, sim. O cruzamento entre recibos de pacientes e declarações de renda dos profissionais é um dos principais focos da Receita. Por isso, todo rendimento recebido deve ser declarado — especialmente aqueles com recibos emitidos.

Quem pode me ajudar a revisar minha declaração?
Contadores especializados como a equipe da Contflix. Atuamos com profissionais da saúde e empreendedores todos os dias, e sabemos exatamente o que a Receita espera encontrar na sua declaração.

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